Em entrevista exclusiva para o site da RBC Preparações ícone do automobilismo faz uma análise da atual condição do kart no Brasil
Se atualmente no Brasil existe um automobilismo forte, competitivo e profissional muito disso se deve a Emerson Fittipaldi. Precursor da modalidade no país ele foi o primeiro piloto brasileiro a conquistar o título mundial de F-1, nos anos de 1972 e 1974 e, com isso, abriu as portas do esporte para toda uma nação.
Assim como os pilotos de hoje ele iniciou sua carreira no kartismo, em meados da década de 1960, em uma época coincidente com a inauguração da Kart Mini, comandada então pelo Sr. Mário de Carvalho.
De lá para cá muita coisa mudou no kartismo, mas, a modalidade segue como a principal e mais indicada porta de entrada para o automobilismo. Nesse espírito Emerson voltou aos kartódromos no ano passado para acompanhar o filho Emmo, que dá suas primeiras aceleradas na categoria Cadete.
Confira o nosso bate-papo com o bi-campeão:
RBC: Emerson você acha ideal a idade com que se começa a competir de kart hoje, entre seis e oito anos?
Emerson Fittipaldi: Eu acho extremamente importante os garotos começarem com esta idade. Quanto mais quilometragem eles adquirem é melhor. Vou te dar um exemplo do meu filho Emmo. Ele começou no esporte no ano passado, tomava muito dos outros concorrentes, e agora, naturalmente, mesmo em um grid com mais de 20 meninos, ele já consegue ficar entre os cinco primeiros. Porém, na hora que chega a corrida, ele não tem a manha ainda. Ele não sabe como aproveitar o vácuo, colocar o bico e fazer uma ultrapassagem. No meio do pelotão ele se perde ainda. Na verdade, os grandes professores dele são os próprios concorrentes, que ele vai observando e criando o seu estilo. Essa é uma bagagem que eles vão ter para o resto da vida. Acho isso muito legal.
RBC: Você acha que neste momento de adaptação dos pilotos o formato dos motores sorteados é o mais indicado para a categoria?
EF: Eu gosto muito deste formato e acho extremamente importante. Os pilotos tem de aprender a andar em condições similares e, até mesmo, quando pegam um motor um pouco pior, a trabalharem com a equipe o resto do equipamento em busca de buscar um ou dois décimos para fazer a diferença. Me lembro que o pai do Juan Pablo Montoya me disse uma vez que ele sempre colocava, em corridas menores, o filho com um motor pior. O menino sempre reclamava muito, mas, não sabia da estratégia do pai. Segundo ele era um grande aprendizado para o filho se acostumar a andar no meio do pelotão, aprender a receber e dar pequenos toques e crescer em uma situação de adversidade. Para mim este formato é o ideal, dá um equilíbrio para todo mundo.
RBC: Como você enxerga o kart no Brasil hoje? Você acha que está em um nível competitivo em relação ao resto do mundo?
EF: Acho que ensina sim, acho que esta muito bom. Na minha opinião, porém, temos que incentivar mais a entrada dessa molecadinha, de seis a oito anos. Mas o kart no Brasil é muito competitivo. A experiência que a gente tem é que normalmente os nossos pilotos realmente bons que vão lá para fora também se destacam por lá. O Brasil é uma escola muito boa, melhor que muitos países aí. Eu sinceramente acho que o kartismo é muito forte aqui e eu, particularmente, gostaria que o automobilismo fosse igual ao kart.